Tem dias que as horas congelam, o coração dá uma paradinha para retomar seu curso meio desnorteado após palavras que abalam. Inacreditável é a sua doçura, como pode verter toda sua sensibilidade em palavras? Como pode ter se transformado nessa criança elaborada e enternecida?
Estou todos os dias ao seu lado, com muitos beijos e abraços, muitas conversas e muito olho no olho, vislumbrando cada pedacinho dele e, no entanto, quando foi que ele resolveu crescer, quando apurou desabotoar-se de mim?
Por mais atentos que estejam os sentidos, algo me foge sim, tornando a mim mera contempladora das suas descobertas, justo eu que me julgava ser seu amparo…
Alimento suas teorias:
- As nuvens são donas do céu!
Rio-me de suas constatações de expansão social:
- A escola é uma casa onde cabem todos os amigos!
E despenco em lágrimas, porque diante de uma frase como essa, isso é tudo que me cabe fazer:
– Mamãe, hoje eu chorei de saudade dos amigos da escola igual você chora de saudade de mim.
Ah, pequeno, não cresça, não, fique assim mais um pouquinho.