Quando o carro adentra o túnel, eu me sinto só.
A pouca luz que me afronta os olhos se torna uma sombra de incertezas e não há passageiro a me fazer companhia.
Não sei que medo será esse que eriça os pelos do braço e me faz ponderar sobre minha finitude.
O percurso é retilíneo, plano, mas estremece em meu corpo a ideia nauseante de que precipitei em queda livre. Fico ali aguardando o momento em que meu corpo irá se dilacerar ao contato com o chão.
Tudo é negro e os sons distantes não ajudam, pois não chegam até mim. Sigo inconquistável e sem controle.
E quando a mente esvazia, os segundos voam, eis que o Sol retorna aos olhos, trazendo de volta o ritual de existir.
Saio do anonimato do subterrâneo e a solidão, apartada, acena para mim, como quem aguarda o próximo encontro.
Ô menina criativa…
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