“O amor mostra ao homem como é que ele deveria ser sempre. ”
(Tchekhov)
Era um modo de olhar que arruinava todas as crenças; um toque ao rosto que adejava os copos da mesa; as pernas se tocavam sutilmente, mas solapavam as estruturas e não se podia mais ficar em pé. O jeito arguto de retirar uma mecha de cabelo do rosto dela e recolocar em seu devido lugar congelava as horas.
Ambos se reuniam em prelúdio.
Rotineiramente pediam-se com algum desespero na voz, em gradações afinadas de reconhecimento. Esqueciam-se das palavras, mas se pediam sem se doar finalmente.
Porém tinham seus meios.
Estavam dispostos a morrer de paixão, caso não perecessem antes pelo dito maldito, pelo sentido mal-acabado, do encontro falido.
Dispostos a se condensar da tocante paixão, tocavam-se com as pontas dos dedos. E em pensamento, tudo ao redor cimentava, menos o amor que lhes era fuga e fluido e não era só deles.
Então esperavam, a fim de voltarem ao começo, por fim.